E como heróis foram reconhecidos ....
uma edição de
Eugénio de Sá
And
as heroes they were recognized...
an edition of Eugénio de Sá
O
grande incêndio florestal de Sintra aconteceu
há 51 anos
“
O incêndio alarmou toda a população de Sintra, e tem-se conhecimento de que foi
um guarda-florestal a primeira pessoa a comunicar à administração florestal,
por volta das 12 horas do dia 6 de Setembro, que havia fogo na propriedade da
Penha Longa. Para o local seguiram os bombeiros de S. Pedro de Sintra, “apenas
às 12h57m” e os Bombeiros de Colares, «duas horas depois», foram alertados”.
A
meio da tarde, é lançado através das rádios, um apelo a todas a entidades civis
e militares, que possuíssem autotanques, para colaborarem no combate ao fogo,
mandando concentrar todos os veículos na Lagoa Azul e no Largo da Palácio
Nacional da Vila (Sintra).
Na
tarde de 7 de Setembro de 1966 morrem nas chamas 25 militares do Regimento de
Artilharia Antiaérea Fixa (RAAF), de Queluz.”
CM
Sintra
E COMO HERÓIS FORAM RECONHECIDOS
"Eu ouvi-os gritar. A pedirem água. A pedirem socorro. Coitadinhos, morreram todos."
Estas são as memórias que Luciano Policarpo Duarte, de 64 anos, tem do fatídico dia 7 de Setembro de 1966 na serra de Sintra, quando 25 militares do Regimento de Artilharia Fixa de Queluz morreram durante o combate a um gigantesco incêndio que durou sete dias.
Os
homens que faleceram há 51 anos no Pico do Monge, em plena serra, foram
homenageados nesse mesmo local por militares, bombeiros e pelo presidente da
Câmara de Sintra. Uma cerimónia contida mas sentida, sem grandes discursos, no
meio de uma serra calma e de novo verdejante, que se havia tornado num inferno
de fogo, com uma frente de 20
quilómetros , nesse dia em que um pelotão do exército com
37 homens ficou encurralado no meio das chamas.
Vinte
e cinco jovens não conseguiram fugir à morte e, como foi lembrado no discurso
dos seus camaradas de armas do Regimento de Artilharia Antiaérea
n.º
1, no mesmo dia da tragédia, D. António de Castro Xavier Monteiro, arcebispo de
Mitilene, afirmou na missa que celebrou em memória das vítimas: «Mortos de
Sintra presentes. A serra vos deu a morte, que ela vos dê a imortalidade
merecida»
No
alto do Pico do Monge está um monumento em sua homenagem, onde ontem foram
depositadas coroas de flores e rezada uma prece pelo oficial capelão. No local
da tragédia, onde na tarde de dia 8 de Setembro dois engenheiros encontraram os
corpos sem vida, erguem-se agora 25 ciprestes em sua memória.
Luciano
Duarte, o homem que cerca das 16h30 da tarde de 7 Setembro de 1966 foi
testemunha da tragédia, tinha lágrimas nos olhos ao recordar aquele dia que
nunca mais esqueceu. Tinha saído da Malveira da Serra, onde ainda hoje reside,
para ajudar no combate ao incêndio, mas os bombeiros aconselharam-no a molhar
um lenço para proteger a cara e a sair do local. O fogo estava incontrolável.
Ao
avançar uns metros viu o carro do exército a arder e do meio da serra vinham as
vozes. "A pedirem água. A pedirem socorro. Não tinham fatos especiais, só
tinham paus para lutar contra as chamas. Ficaram lá todos.
Anabela
Mendes
Público
Edição:
Eugénio de Sá
Sintra, 9 de Setembro de 2017