Para lá daquela porta
Eugénio
de Sá
Aqui
sentado à lareira c’o vento a soprar lá fora
Abre-se
o peito à fogueira e o coração então chora
É
o tempo das memórias partilharem esta ardência
É
o tempo da saudade vir misturar-se no lume
Deste
cigarro que arde e veio acender-me o nume
E
o fumo perpassa a porta em busca da tua ausência.
Cerro
os olhos e relembro a vida que partilhámos
Tantos
anos a teu lado e aquilo porque passámos
Índa
ontem, meu amor, lá estive aonde tu estás;
Passeei
pelo teu jardim e pensei muito em você
Perscrutei
entre os ciprestes esperando não sei o quê
E
voltei já à noitinha, mas sempre olhando pra trás.
Ah
este vento que brama lembra queixumes doídos
Na
solidão desta casa quase que ouço os meus gemidos
E
as pancadas do relógio são a minha companhia.
Sei
que no mundo em que estás, nessa outra dimensão
Do
tanto que tu me queres sentes que este coração
Só
espera pla bendição de ao teu se juntar um dia.
Sintra 21 de Janeiro de 2015
2 comentários:
Um poema que me tocou muito...triste mas muito belo.
Um beijinho
Em aplausos, rendo-me ao encanto destas sextilhas, caro mestre Eugénio. Parabéns, pelo lindo poema. Abraços!
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