A NAU QUE NAVEGUEI
Odir Milanez
A nau, em que me fiz navegador
no mar dos menestréis do nunca mais,
encalhou nos calhaus do chão do cais,
devastada das ondas ao fragor.
Só meus versos restaram, sem valor.
Sequer o vento os viu nos vendavais.
Nem mesmo as ondas, rudes nos caudais,
ouviram minha voz cantando amor.
A nau que naveguei eis destruída.
Pereceram meus sonhos no porão.
Dos velames ventosos, tristes troços...
Aos sonetos sensuais a que dei vida,
só vestígios inversos, sem razão.
Como dói ver meus
versos em destroços!
JPessoa/PB
13.07.2013
oklima
A NAU QUE NAVEGUEI
Eugénio de Sá
Da minha nau, resta a quilha na lama
E uns quantos
pedaços arqueados
Das côncavas
cavernas dos costados,
Nada que lembre o
que lhe deu a fama.
Com ela naveguei, tendo a bombordo
Toda a costa
africana ocidental
Depois de haver
deixado Portugal
O meu reino adorável
que recordo.
Fui ressumando versos na amurada
No coração; a
saudade da amada
No horizonte;
o olhar deslumbrado.
Todas as tardes, no castelo da popa
Sempre pousava uma branca gaivota
Na espera de escutar o som de um fado.
Sintra, Portugal
14.07.2013
Podes ser lindo ou
medonho
Mar salgado e
infinito
Mas fazes parte do
sonho
Desse sonho tão
bonito!
E.Sá
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