Variações sobre uma chama
Eugénio de Sá
Chama de paz, bamboleando ao vento
Erguida em círio branco aveludado
Consagração da glória de um soldado
que a pátria lhe acendeu por valimento.
Chama d’amor que um jovem alumia
Que à mãe foi arrancado plo destino
Destino triste o que colhe um menino
E os melhores anos lhos asfixia.
Chama saudade quando é acendida
Por fervorosas mãos apaixonadas
Que agora restam sós, abandonadas,
Ao finar-se um amor de toda a vida.
Chama piedosa a que é mantida viva
Pla desgraça de qualquer irmão
Quando é da nossa alma anfitrião
Aquele cuja memória nos cativa.
Chama ideal, brotou na Hélade antiga
A tocha era do Olímpo o seu tributo
Hoje ela é valoroso contributo
Pra sua luz manter a gente unida.
Chama inclemente, que tudo consome
As vidas e os bens da humanidade
A que arde em torvelinhos de maldade
Mandados plo demo, que não dorme.
Sintra, Portugal
Maio de 2013
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