quarta-feira, 5 de junho de 2013

RIBATEJO e CAMPINO DE PORTUGAL, dois poema de Eugénio de Sá, em que o autor homenageia a linda provincia portuguesa

Ribatejo
(Eugénio de Sá)
Aos choupos e aos Salgueiros
que bordam de verde
as margens do meu Tejo,
pedirei murmúrios.

Às águas deste rio
que nos percorre
as terras e os sonhos
pedirei caprichos.

Aos poldros buliçosos
que correm em família
na vizinhança da água
pedirei galopes.

Aos toiros e aos novilhos
Que salpicam de negro
O verde da lezíria
Pedirei bravuras.

Ás orgulhosas vinhas
que marcam a tons de ouro
as encostas dos Outonos
pedirei generosidades.

Aos frondosos pinheiros
que nos guardam dos ventos
e sombreiam os campos
pedirei que permaneçam vivos.

Aos homens desta terra abençoada
pedirei que saibam merecê-la!





Campino de Portugal
(Eugénio de Sá)
Cheguei esporas ao cavalo
Ganhando a verde campina
C’o chicote dei um estalo
Fendendo a poeira fina

Ao longe o gado a pastar
Ser campino é minha sina
Tenho um alazão pr’amar
Que m’envolve em sua crina

Estou chegando ao torricado
Há cheiros quentes no ar
Sempre me ponho animado
Na hora de mastigar

E junto-me aos companheiros
À sombrinha de um carvalho
Que um homem só é inteiro
Se tem fome no trabalho

Já cansei do bacalhau
Que n’aragem inda cheira
Monto c’o ajuda de um pau
Que já foi pau de bandeira

Deslumbrado, olho a manada
Com orgulho e nostalgia
E uma vaca tresmalhada
Sacode-me  a bonomia

Lá volto eu a galopar
Solto rédeas ao meu fado
Que este mister é juntar
Na campina, todo o gado

Depois vem o arreból
Vestido de avermelhado
Que lindo é ver este sol
No horizonte deitado

De pronto a noitinha vem
E com ela o meu descanso
Cansaço, quem o não tem?
Vai um café e um bagaço!

Vou dormir sob as estrelas
Ouvindo os grilos cantar
Memórias,  só quero tê-las
Se c’o as melhores for sonhar.

E já quase a adormecer
Elevo a Deus um louvor;
Que bom foi aqui nascer
Obrigado, meu Senhor! 

Formatação:
AugustaBS
SINTRA – PORTUGAL
Junho 2013

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