quarta-feira, 5 de junho de 2013

"Variações sobre uma chama", de Eugénio de Sá


Variações sobre uma chama
Eugénio de Sá
Chama de paz, bamboleando ao vento
Erguida em círio branco aveludado
Consagração da glória de um soldado
que a pátria lhe acendeu por valimento.

Chama d’amor que um jovem alumia
Que à mãe foi arrancado plo destino
Destino triste o que colhe um menino
E os melhores anos lhos asfixia.


Chama saudade quando é acendida
Por fervorosas mãos apaixonadas
Que agora restam sós, abandonadas,
Ao finar-se um amor de toda a vida.

Chama piedosa a que é mantida viva
Pla desgraça de qualquer irmão
Quando é da nossa alma anfitrião
Aquele cuja memória nos cativa.


Chama ideal, brotou na Hélade antiga
A tocha era do Olímpo o seu tributo
Hoje ela é valoroso contributo
Pra sua luz manter a gente unida.


Chama inclemente, que tudo consome
As vidas e os bens da humanidade
A que arde em torvelinhos de maldade
Mandados plo demo, que não dorme.

Sintra, Portugal
Maio de 2013

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